A Laura Araujo tem 21 anos. Nos conhecemos ontem, na Rodoviária Novo Rio. Acompanhávamos o embarque do Irven, que partiu para São Paulo para participar de um campeonato de breaking. De lá, resolvemos dar uma volta pelas ruas do Santo Cristo, no entorno da rodoviária, em busca de graffiti maneiro para fotografar.
A Laura é apaixonada por graffiti e me mostrou alguns de seus trabalhos favoritos alí na região. “Esse é do @rikeum e, logo abaixo, do @warkrocinha”, na Rua Comandante García Pires, altura 115.
“A frase eu não sei quem foi, mas esse de baixo é o @podergraffiti”. Tivemos que atravessar a rua para fotografar porque o mural na Avenida Francisco Bicalho é enorme.
7 perguntas para @_fresh97
Como você conheceu o graffiti?
Comecei a escrever há pouco tempo. Sempre me amarrei em graffiti, mas depois que entendi a real do que é o Hip Hop minha mente abriu. Eu sempre curti rap, mas só conhecia dentro da bolha que eu vivia. Depois aprendi e entendi que era algo muito além daquela forma que eu estava acostumada. O Irven me apresentou para várias coisas que eu não conhecia. O próprio breaking, por exemplo, eu nem sabia que existia kkk.
Quando você diz que entendeu que o rap “ia muito além daquilo que você já conhecia”, o que isso significa?
Digo que o rap vai além porque nunca vai ser só um som pra você curtir e acabou. O fundamento é de te passar uma mensagem, uma visão, uma realidade.
Como foi pra você o processo de começar a fazer e aprender na prática?
Apesar de ser apaixonada por graffiti, sempre ficava nessa de achar que dependia de alguém pra me ensinar. Depois me dei conta de que quando você quer muito fazer algo você corre atrás pra aprender. Pesquisa, busca, estuda. Dá pra ir longe com isso. A partir daí, peguei um lápis e uma folha de papel e só fui. Tô caminhando e não quero parar.
O graffiti se tornou uma parte de quem sou. Vai além de representar voz, é liberdade. Quando eu tô lá pintando eu me sinto livre e independente de qualquer coisa que possa me limitar.
Quais artistas você mais admira?
Eu tô aprendendo e conhecendo mais a cada dia. Tem muitos grandes grafiteiros e grafiteiras que são foda e que fizeram o graffiti acontecer. Mas os que admiro são os que estão ao meu redor. Dois que eu curto são locais, um daqui da Maré também, que é o Rdoisó, e o outro que é o Stile. Os dois mandam muito.
Como você enxerga a distinção – muitas vezes polêmica – entre o grafitti e a pixação?
Isso é complicado. Na minha opinião, um trampo não desmerece o do outro. Temos a escrita como mesma base. O pixo é retratado muitas vezes de forma pejorativa, como algo sujo e feio, né? Mas acredito que os dois andam juntos e que são formas de expressão. Isso é a voz da rua.
Por que você escolheu esse nome Fresh Princess para assinar?
Curto demais a série Fresh Prince of Bel-Air, do Will Smith. Um dia dei play pra assistir enquanto desenhava e resolvi tentar escrever FRESH PRINCESS. E aí eu pensei “é isso!”. Nunca tinha visto aqui esse vulgo e peguei pra mim. quando fui pra parede grafitar assinei como Fresh.
O que significa fresh pra você?
Além do significado da gíria, fresh pra mim é o encontro da liberdade de poder ser quem eu sou e expressar minha energia com o grafitti e quem sabe poder inspirar outras garotas aqui da favela com a arte. Nós podemos tudo.
FUGAZ 